domingo, 20 de julho de 2008

Amigos

O Nogueira e o Carlão, depois de anos planejando, finalmente acharam tempo pra se encontrar no bar que freqüentavam nos tempos de solteiros, mas que nunca mais tinham ido desde que a noite começou com o Nogueira chorando a doença do avô e terminara com o Carlão sussurrando em seu ouvido “Nogueira, aquilo é um travesti”.

Quando o Nogueira chegou, o Carlão já estava lá.

- Garçom, traz um chope pro Lagostão! – gritou o Carlão. O garçom olhou com cara feia e ele completou, contrariado. – Só traz um chope nessa mesa aqui. Uma vez todos nesse bar sabiam que você era o Lagosta, Nogueira.
- Bons tempos aqueles.
- Bons tempos, bons tempos.
E relembraram os bons tempos. Em poucas horas, lembraram porque que há muito decidiram que seriam amigos para sempre.
- E a vez que o travesti foi visitar o teu avô no hospital e o velho deu pra ele o relógio que era herança de família, inestimável, 9 gerações, achando que era tu?
- Bons tempos, bons tempos. E a vez em que o porteiro do teu prédio achou que nosso vaso de maconha, que a gente escondia, era uma bomba?
- E veio oferecer ajuda pra explodir aquela merda? Bons tempos, bons tempos.
- E a vez em que eu comi a tua mulher, bêbado?
Silêncio.
- Você fez o que, Carlão?
Silêncio.
- Eu...
- ...
- O travesti, Nogueira! O traveco! Eu te avisei do travesti! Isso vale pelo menos metade da tua mulher!
Mais silêncio.
- Eram os bons tempos, Nogueira!
- ...
- Os bons tempos! Nogueira, volta aqui, Nogueira! Nogueira! Lagostão! Os bons tempos, Lagostão!

E nunca mais se viram.

Homenagem Blog Qwerty ao Dia do Amigo.

Cada vez que você lê um post e não comenta eu acho que só eu que posto aqui.
Cada vez que você não faz isso também.