domingo, 28 de setembro de 2008

Amor Correspondido

Ele sempre achou profundamente triste as circunstâncias de amar e não ser correspondido.
Algumas das mais perfeitas relações emitiam uma luz brilhante de compreensão e proteção.
Amor de ambos,que cura,que une.

Estava de pé.
Sapatos pretos,terno combinando,a camisa vermelha,olhos claros da cor do céu.
Olhou através da janela.
O tempo estava fechando,embora ainda existisse sol.
Os minutos pareciam não passar.

Jogou o cigarro no chão,pisoteando para que faíscas não queimassem o carpete bordô do quarto de cores mórbidas.
A luz, que entrava pelas frestas da cortina,se refletia no espelho. Ele refletia como a sua vida tinha pregado peças e mudado desde que conheceu aquela mulher,tão bela,insegura,frágil e indecisa.
Ele a amava.
Embora os traços de vida dela tenham sumido do próprio rosto,ela permanecia gravada nos olhos e na alma dele.
O corpo dela estava deitado sobre a cama,pálido,com parte de qualquer essência de cena preto e branco de cinema.
Se aproximou dela.
Beijou os lábios azulados e passou a mão entre os finos fios de cabelo.
Não houve reação.
Colocou a cabeça entre as mãos,chorou,voltou a sí.
Entrou no benheiro e tirou a camisa vermelha,de sangue,tomando extremo cuidado ao guarda-la em um lugar seguro.Lembraça macabra de um futuro passado trágico.
Abotoou novamente o terno.
Voltou para olhar nos olhos dela,mais uma vez,jurando pra sí mesmo que era apenas medida de precaução,não compaixão.
Verificou se alguma espécie de foto dele tinha sido registrada nas pupilas dela.
Não,ele poderia seguir tranqüilo.
Se dirigiu as janelas,fechou-as completamente.
Saiu do quarto em passos silênciosos.
Trancou a porta.

Ele sempre achou profundamente triste as circunstâncias de amar e não ser correspondido.

E ele,

Bem...
Ele não suportava ficar triste.

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