sábado, 29 de novembro de 2008

A Resposta Perfeita

Desde pequeno o João Augusto tinha problemas com decisões sérias. No futebol de rua era o dono da bola, mas nunca sabia se jogava. Foi depois que ele se formou, em um daqueles momentos de ficar pensando na vida na mesa de um bar, que ele teve a idéia da resposta perfeita. E foi o que ele disse aos companheiros de chope.

- Mas perfeita, perfeita mesmo? Até para a minha mulher? – risos gerais.

Mas João estava com um sorriso de triunfo estampado na face:
- Depende.

No trabalho João começou a ganhar respeito. Era um homem de profundo conhecimento, era isso.
- E o problema da minoria muçulmana no Líbano, coisa mais chata, né?
- Depende.
- Olhando por esse lado...

Com o tempo, era consultado nos mais diversos setores.
- E a cotação do trigo? Sobe?
- Depende.
- Poxa, não tinha pensado nisso.

E até nos assunto mais banais:
- Que dia é hoje?
- Depende.
- Profundo isso.
João foi promovido. Não havia dúvidas de que logo seria vice-presidente.

Ganhou também status social. Era convidado para os mais variados eventos. Estava de casamento marcado com uma socialite, a festa prometia. Mas aconteceu o inesperado.
-(...) E você, João Augusto Campos, aceita Ifigênia Mello como sua legítima esposa?
- Depende.
Escândalo na sociedade. João era um cafajeste, indeciso, só podia. Escória da pior espécie. Ligaram do seu escritório dizendo que não precisava voltar.

João sempre chegava por primeiro na fila do abrigo comunitário, só que ninguém lhe perguntava nada. Mas quando ele dormia, em caixas de papelão de uma empresa de detergente, tinha um sorriso estampado na face. Ele sabia que tinha a resposta perfeita, pronta para ser usada.

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